PERSONAGENS:
- ESTÁTUA BANDEIRA DA PAZ
- JOÃO
- ELIZA
- Participantes das oficinas AMÉRICAS, EUROPA, ÁFRICA, ÁSIA e OCEANIA.
CENA: No palco um telão de fundo onde podem ser projetadas imagens. No centro fundo um pequeno cubo branco. A música começa.
Imagens de praças são projetadas no telão. Alguns participantes entram e atravessam o palco. São habitantes do lugar que estão passando pela praça indo para o trabalho, para as compras, para escola, conversando, vivendo, etc. Dois participantes entram carregando/levando a Estátua BANDEIRA DA PAZ. É uma estátua colorida. Com as mesmas cores dos anéis olímpicos. Ao lado da estátua colocam uma placa onde está escrito:
BANDEIRA DA PAZ
“EU SOU PORQUE VOCÊ É”
Na placa ainda estão os anéis que são o símbolo das Olimpíadas.
Entram duas crianças (JOÃO e ELIZA) correndo e brincando. Eliza para no centro frente do palco e diz:
ELIZA: Eu adoro a nossa praça!
JOÃO: (EM TOM DE IMPLICÂNCIA) Eu não! Eu gosto do meu IPHONE, meu IPAD, meu NOTEBOOK, meu VÍDEO GAME, meu...
ELIZA: Ai... João... Não é disso que eu tô falando...
JOÃO: Tá falando de quê?
ELIZA: Da praça! Vai dizer que você não gosta da nossa praça?
JOÃO: Eu gosto da praça! Mas gosto porque é o lugar onde eu provo que corro muito mais que você...
ELIZA: Mas não corre mesmo...
JOÃO: Todo mundo sabe disso...
ELIZA: Então vem me pegar!
(OS DOIS COMEÇAM UMA BRINCADEIRA DE PEGA-PEGA. ATÉ QUE ELIZA PARA EM FRENTE DA ESTÁTUA)
ELIZA: O que é isso?
JOÃO: Ué? Não tá vendo? É uma estátua?
ELIZA: Ontem essa estátua não estava aqui! Uma estátua toda colorida... Nunca vi isso...
JOÃO: (COM AR DE SABIDO) Deve ser uma homenagem... Uma homenagem... A Grécia Antiga...
ELIZA: Como é que é, João?
JOÃO: É que na Grécia Antiga as estátuas eram pintadas. Sabia disso? Não eram brancas como a gente vê nos filmes. Elas perderam a cor com o tempo. Eram pintadas. Coloridas.
ELIZA: E como é que você sabe disso?
JOÃO: Você sabe: minha mãe é professora de História da Arte!
ELIZA: Mas por que fizeram essa estátua desse jeito?
JOÃO: Ah... Sei lá...
(NESSE MOMENTO JOÃO ESTÁ DE COSTAS PARA A ESTÁTUA. A ESTÁTUA SE MEXE. ELIZA VÊ E SE ASSUSTA. A ESTÁTUA VOLTA PARA SUA POSIÇÃO – ELIZA TOMA UM SUSTO).
ELIZA: Ai! João!
JOÃO: Que foi, Eliza?! Que susto!
ELIZA: A estátua... A estátua... A estátua se mexeu...
JOÃO: Como é que é? A estátua se mexeu? Você tá bem?
ELIZA: Eu vi, João! Eu tenho certeza que vi!
JOÃO: Eliza, você não tá bem! Estátuas não se mexem! Por que essa estátua ia se mexer?
ESTÁTUA: Porque eu quero ler o que está escrito nessa placa!
(JOÃO DÁ UM SALTO DE SUSTO)
JOÃO: (NO SUSTO) Ai! A estátua falou!
ELIZA: (TRANQUILA) Não falei que ela se mexeu!
JOÃO: Ela não só se mexeu, Eliza! Ela se mexeu e falou!
ELIZA: (SEM DAR IMPORTÂNCIA) Mas o que é mesmo que ela queria?
ESTÁTUA: Eu quero ler o que tem escrito nessa placa!
ELIZA: Desce daí e lê, ora!
JOÃO: Eliza, você tá maluca? Como é que a estátua vai descer do pedestal?
ELIZA: João, ela já se mexeu... Já falou... Descer do pedestal é moleza!
ESTÁTUA: Você tem toda razão! Ajudem aqui...
(OS DOIS AJUDAM A ESTÁTUA A DESCER – NO CHÃO A ESTÁTUA SE ESPREGUIÇA)
ESTÁTUA: Ai! Ficar o tempo todo parada cansa!
JOÃO: Eu tô besta! Uma estátua que se mexe, que fala e ainda se cansa? Como é que pode?
ESTÁTUA: É fácil... Com um pouco de magia e uma pitada de imaginação! Só isso!
ELIZA: Mas, Estátua, você não queria ler o que tem escrito na placa?
ESTÁTUA: É verdade! Estava até esquecendo! Vamos ver: (LÊ) BANDEIRA DA PAZ! EU SOU PORQUE VOCÊ É! Mas o que significa isso?
ELIZA: É o que você é!
JOÃO: É o que você representa!
ESTÁTUA: Se eu represento isso, preciso saber o significado... Não posso representar uma coisa que eu não sei o que é...
ELIZA: Olha tem uns arcos como nas Olimpíadas...
JOÃO: É isso! As Olimpíadas foram criadas na Grécia... Deve ser por isso que a sua roupa é toda colorida! (COM AR DE SABIDO) É que na Grécia as estátuas eram...
ELIZA: (INTERROMPENDO) Todo mundo já sabe, João! Não precisa explicar de novo...
ESTÁTUA: Isso tem algum sentido: os Jogos Olímpicos são o momento de encontro e confraternização de todas as nações. De todos os continentes. Deve ser por aí que eu vou descobrir o que é a Bandeira da Paz!
JOÃO: Eu tenho algo que pode ajudar...
(JOÃO TIRA DO BOLSO UM PAPEL DOBRADO – ELE DESDOBRA – É UM MAPA MUNDI)
ELIZA: Um mapa do mundo! João, por que você tem um mapa no bolso?
JOÃO: É que eu tô mal em matemática...
ELIZA E ESTÁTUA: (CORRIGINDO) GEOGRAFIA!
JOÃO: (SEM GRAÇA) Isso...
ELIZA: É! Tá mal mesmo!
(JOÃO FICA MAIS SEM GRAÇA – A ESTÁTUA OLHA O MAPA)
ESTÁTUA: (APONTANDO NO MAPA) Américas, Europa, África, Ásia e Oceania! É assim que vou desvendar esse mistério... Só tem um problema!
ELIZA E JOÃO: Qual é?
ESTÁTUA: Como é que vou fazer essas viagens?
JOÃO: Nós podemos ajudar!
ESTÁTUA E ELIZA: Como?
JOÃO: Ora... Essa é fácil... Usando um pouco de magia e uma pitada de imaginação!
ESTÁTUA: Boa, João! É isso mesmo! E eu agora entendo exatamente como podemos fazer! Vamos começar pelas Américas. E eu tenho as palavras certas que nos levarão até lá: SEMEAR, PLANTAR, COLHER e COMPARTILHAR!
JOÃO: Mas como as palavras vão nos levar até lá?
ESTÁTUA: Como você mesmo disse; com magia e imaginação. As palavras são mágicas e têm muito poder!
ELIZA: Que barato! Essas palavras vão nos levar até lá?
ESTÁTUA: Essas palavras vão nos ajudar a entender muitas coisas. Vão ajudar a entender o que é conviver. Isso lembra uma lenda. Uma lenda dos primeiros povos da América. Querem ouvir?
JOÃO: Você conhece histórias e lendas, Estátua?
ESTÁTUA: Claro! Fui esculpida em um bloco de pedra. Esse bloco pertencia a uma imensa pedra que está na Terra... No mundo... Há muito tempo. Ouvindo todas as histórias. E no ateliê onde fui esculpida trabalhavam artistas de várias partes do mundo. Tenho muitas histórias para contar. Querem ouvir essa?
(ELIZA E JOÃO SENTAM. A ESTÁTUA CONTA A HISTÓRIA)
ESTÁTUA: Essa é a LENDA DO MILHO. A palavra milho é indígena e quer dizer “sustento da vida”. Conta a lenda que os primeiros habitantes da América somente se alimentavam de raízes e de animais. Eles não conheciam o milho, já que ele estava escondido atrás das montanhas. Então eles foram falar com o deus Quetzatcoatl. Seu nome significa serpente de plumas. O Deus decidiu ajudar. Ele viu uma formiga vermelha descendo as montanhas com um grão de milho entre os dentes e falou:
- Olá, formiga vermelha. O que traz aí?
- Um grão de milho.
- Grão de milho? O que é isso?
- Um alimento.
- Alimento? E é saboroso? – disse o Deus arregalando os olhos de satisfação.
- Muito! E altamente nutritivo! - respondeu a formiga, dando as costas.
- Espere! Onde você conseguiu?
A formiga disse que os outros Deuses a tinham proibido de falar daquele alimento. Mesmo assim, ela aceitou mostrar o caminho. O nobre Deus se transformou em uma formiga preta e seguiu a outra formiga pelas montanhas.
A viagem foi cansativa e perigosa. Mas o Deus transformado em formiga não se rendeu e ao final conseguiu chegar ao lugar onde o milho era cultivado. Ele pegou um grão e voltou para o seu povo.
O grande Deus entregou o milho a seu povo e eles o cultivaram. Esse cereal seria a base da sua culinária, fazendo com que eles ficassem ainda mais fortes, construíssem cidades, pirâmides e templos. E o milho é utilizado até hoje.
(ELIZA E JOÃO APLAUDEM A HISTÓRIA)
ELIZA: Que história maravilhosa!
JOÃO: Muito legal mesmo!
ESTÁTUA: Então... Vamos as Américas?
OS DOIS JUNTOS: Vamos!
(OS TRÊS SAEM DE CENA E LEVAM A PLACA E O PEDESTAL – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA AMÉRICA E REALIZAM SUA CENA)
OFICINA AMÉRICA – LINGUAGEM PREDOMINANTE DANÇA
(TERMINADA A CENA OS PARTICIPANTES DA OFICINA AMÉRICA SAEM. ENTRAM ELIZA, JOÃO E A ESTÁTUA)
ELIZA: SEMEAR, PLANTAR, COLHER e COMPARTILHAR!
ESTÁTUA: Cantos de trabalho! Todos juntos semeando a terra. É a essência da vida!
JOÃO: E agora? Nós vamos pra onde?
ESTÁTUA: Onde está seu mapa?
(JOÃO TIRA O MAPA DO BOLSO – OS TRÊS OLHAM – A ESTÁTUA APONTA)
ESTÁTUA: Que tal aqui?
ELIZA: Oceania?
JOÃO: Isso! Oceania! Sabia que eu tenho um tio que mora na Austrália? Ele até mandou pra mim uma foto abraçado com um canguru!
ELIZA: Nunca imaginei conhecer a Oceania...
ESTÁTUA: E eu tenho as palavras certas que vão nos levar até lá: EMPATIA, COMPAIXÃO e TOLERÂNCIA!
JOÃO: E eu tenho uma história para contar!
ELIZA: Você, João? Que surpresa!
ESTÁTUA: Então... Nosso amigo João também conhece as histórias?
JOÃO: Bom... Conhecer “AS HISTÓRIAS” eu não conheço. Mas o meu tio contou pra mim uma história que acho que combina com as palavras que você disse...
ESTÁTUA: E como é essa história?
(A ESTÁTUA E ELIZA SENTAM – JOÃO COMEÇA A HISTÓRIA)
JOÃO: É uma lenda. Uma lenda do povo Maori e que explica como foi criado um grande lago chamado Wakatipu. E a lenda é assim: uma linda princesa, chamada Manata, amava um jovem guerreiro chamado Matakauri. Os dois se entendiam muito bem. Todos admiravam aquele amor e a forma delicada como o casal tratava os habitantes da aldeia. Os dois queriam muito se casar.
Mas o pai dela tinha arrumado um casamento com o filho do chefe de outra tribo. Matakauri ficou triste, mas tinha que aceitar as ordens de seu chefe. Ele achou mais prudente esperar para ver o que acontecia.
Acontece que um gigante que vivia numa caverna raptou a princesa Manata.
O pai dela ficou desesperado e declarou que o guerreiro que conseguisse salvar a vida de sua filha teria a mão dela em casamento.
Foi o momento que Matakauri esperava. Tão grande era o seu amor por Manata que ele foi o único guerreiro que se apresentou para enfrentar o gigante cruel.
O jovem encontrou o gigante dormindo com Manata amarrada em um tronco de árvore. O guerreiro não conseguia quebrar o cordão mágico que prendia a princesa. Chorando, Manata implorou para seu amado deixá-la antes do gigante acordar. Foi ai que uma lágrima caiu de seu rosto, quebrando as cordas e deixando-a livre.
Rapidamente Matakauri colocou fogo em volta do corpo do gigante. As chamas queimaram o monstro e um grande buraco foi formado na superfície. Com o passar dos anos a neve derretida do pico das montanhas formaram um imenso lago. Hoje conhecido como o Lago Wakatipu.
Mesmo nos dias de hoje, existem muitas pessoas que acreditam que o sobe e desce das águas são ainda as batidas do coração daquele gigante. Ou as batidas do coração de Matakauri e Manata que casaram e viveram felizes por muito tempo.
(ELIZA E A ESTÁTUA APLAUDEM A HISTÓRIA)
ELIZA: Que maravilha, João!
ESTÁTUA: Uma história linda e de grande sabedoria!
JOÃO: Vamos para Oceania?
OS TRÊS: Vamos!
(OS TRÊS SAEM DE CENA – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA OCEANIA E REALIZAM SUA CENA)
OFICINA OCEANIA – LINGUAGEM PREDOMINANTE ARTES VISUAIS
(TERMINADA A CENA OS PARTICIPANTES DA OFICINA OCEANIA SAEM. ENTRAM ELIZA, JOÃO E A ESTÁTUA)
JOÃO: A Oceania é maravilhosa! Pena que eu não encontrei com o meu tio...
ELIZA: EMPATIA, COMPAIXÃO e TOLERÂNCIA... Dá para pensar em tanta coisa, né?
ESTÁTUA: Isso mesmo, Eliza. Pensar... Refletir... Isso pode trazer grandes transformações.
JOÃO: E as pinturas corporais? E as máscaras? Fantásticas!
ESTÁTUA: E elas são tão importantes. Trazem a identidade de um povo. De uma cultura.
JOÃO: E para onde nós vamos agora?
ESTÁTUA: Precisamos novamente de seu mapa, João.
(JOÃO TIRA O MAPA DO BOLSO. OS TRÊS OLHAM PARA ELE. ELIZA SUGERE)
ELIZA: Que tal a Ásia?
ESTÁTUA: O continente Asiático! Lugar de grande conhecimento e sabedoria!
JOÃO: E quais serão as palavras que nos levarão até lá?
ESTÁTUA: Eu tenho as palavras certas... Palavras mágicas! CONFIANÇA, HARMONIA e UNIDADE. E tenho também uma história para contar... Querem ouvir?
ELIZA E JOÃO: É claro!
(OS DOIS SENTAM – A ESTÁTUA COMEÇA)
ESTÁTUA: No ateliê onde fui esculpida tinha um grande artesão. Ele era chinês e contou essa história. A história do surgimento do mundo: Muito antes de o universo ser criado, havia escuridão e caos em toda parte. Dentro da escuridão foi formado um ovo. O gigante Pan Gu nasceu dentro desse ovo. Ele dormiu no grande ovo por milhares de anos. Quando acordou, Pan Gu esticou os braços e as pernas quebrando o ovo. Aos poucos o que era claro foi se fazendo céu e o que era escuro foi se fazendo terra. E a cada dia o céu subia e crescia mais. E a terra baixava e crescia mais. Pan Gu também crescia outro tanto.
Passaram muitos anos e o menino virou homem. O céu chegou ao máximo pelo alto, a terra ao máximo por baixo e Pan Gu ao máximo de seu tamanho. O gigante madurou. Compreendeu a sabedoria do céu e a potência da terra.
Cansado, Pan Gu se deitou. E, assim, seu corpo foi perdendo a forma. Respirou profundamente e seu hálito ventou nuvens. Numa tosse fraca sua voz arranhou trovões. Suas lágrimas encheram mares e oceanos. O olho esquerdo raiou como sol. E o direito piscou como lua. Seu cabelo prateado pelo tempo se soltou em estrelas no ar. Transpirou chuva. Suou pântanos. Os músculos se tencionaram em montanhas e estradas de terra. Os pelos fizeram bosques. E o sangue jorrou rios que correm pela terra. E enfim, seus ossos descansaram pedras. Depois disso surgiram os homens que se juntaram em povos. Dentre eles, alguns ainda se lembram de Pan Gu. Ensinam a escuta do corpo. Observam as estações. São atentos aos humores das pequenas coisas. E ao silêncio das transformações.
(ELIZA E JOÃO APLAUDEM)
ESTÁTUA: E então? Vamos conhecer os saberes da Ásia?
JOÃO E ELIZA: Vamos!
(OS TRÊS SAEM DE CENA – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA ÁSIA E REALIZAM SUA CENA)
OFICINA ÁSIA – LINGUAGEM PREDOMINANTE CIRCO
(TERMINADA A CENA OS PARTICIPANTES DA OFICINA ÁSIA SAEM. ENTRAM ELIZA, JOÃO E A ESTÁTUA)
JOÃO: Quanto conhecimento, não é? Quanta sabedoria!
ESTÁTUA: As palavras foram perfeitas: CONFIANÇA, HARMONIA e UNIDADE! Não podiam ser melhores...
ELIZA: E a beleza do Dragão Chinês? É um espetáculo!
ESTÁTUA: Um espetáculo cheio de significados: traz sabedoria, força, poder, proteção e riqueza!
JOÃO: Nossa! Quanta coisa! E aí, Estátua, já deu para você entender o que é BANDEIRA DA PAZ?
ESTÁTUA: Estamos no caminho certo. Mas ainda falta um pouquinho mais...
ELIZA: E para onde vamos agora? Só faltam dois continentes.
JOÃO: Vou pegar o mapa...
ESTÁTUA: Desculpe, João, mas não vamos precisar mais do seu mapa. Vou sugerir que a gente vá para o continente europeu. Vamos para o Velho Mundo!
JOÃO: Nossa! Europa! Eu sempre tive vontade de conhecer!
ESTÁTUA: Mas nós vamos por mãos muito importantes. Vamos guiados pelas mãos ciganas!
ELIZA: Os ciganos! Ai, eu adoro os ciganos! Suas roupas coloridas, suas histórias, suas danças, seus saberes! Eu adoro!
ESTÁTUA: Os ciganos estão pelo mundo todo e serão os companheiros perfeitos para a nossa viagem.
ELIZA: Eu tenho uma história ótima para contar!
JOÃO: Mas... E as palavras? Quais serão?
ESTÁTUA: Isso mesmo, João! Precisamos das palavras! Aqui estão elas: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.
ELIZA: Estátua, você parece que adivinhou! Essas palavras encaixam exatamente na história que eu vou contar.
ESTÁTUA: Então vamos a ela!
(A ESTÁTUA E JOÃO SENTAM – ELIZA CONTA SUA HISTÓRIA)
ELIZA: Em tempos distantes, os ciganos eram perseguidos por povos bárbaros. Eles viviam desesperados, pois não tinham como se defender de tão acirrada perseguição. Os ciganos são pacíficos e não guerreiam. No lugar de armas portam seus violinos. No lugar de guerras, cantam suas alegrias. No lugar de destruição, trazem a beleza de suas danças. No lugar de morte, os seus corações pulsam com a alegria de viver e de ser livre. Foi quando uma cigana, vendo o arco-íris no céu, pediu com toda força para que ele salvasse os poucos que restavam de seu povo e o filho que ela esperava em seu ventre. A cigana esperava receber uma resposta quando percebeu que as cores do arco íris começaram a brilhar cada vez mais intensamente, alternando-se com rapidez. Como as cordas de um instrumento musical. Uma imensa paz invadiu a mulher. Ela ouviu a voz do arco-íris dizendo:
- Cigana, a sina de seu povo será se espalhar pelo mundo todo me representando em sua beleza. O céu será seu teto. A terra seu palco e seu lar. Mas o filho que você carrega em seu ventre ficará comigo e será um tesouro. Ele fará com que minhas cores ganhem vida em suas vidas. Nelas estará o encantamento e a magia que fará parte de suas almas.
Desde então, os ciganos se dispersaram pelo mundo levando o encanto de suas roupas coloridas. Mostrando que o colorido de suas roupas na realidade é o colorido da vida. E que o brilho do ouro é o brilho do tesouro mais valioso que é o Dom de viver. No final do arco-íris existe um pote de ouro inesgotável para trazer sorte e felicidade. Para perpetuar a união e o amor pela vida e a liberdade que são os maiores tesouros.
(A ESTÁTUA E JOÃO APLAUDEM)
JOÃO: Nossa, Eliza! Essa história é muito bonita!
ESTÁTUA: É maravilhosa! Perfeita para começar a nossa viagem ao Velho Mundo. Vamos?
JOÃO E ELIZA: Vamos!
(OS TRÊS SAEM DE CENA – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA EUROPA E REALIZAM SUA CENA)
OFICINA EUROPA – LINGUAGEM PREDOMINANTE TEATRO
(TERMINADA A CENA OS PARTICIPANTES DA OFICINA EUROPA SAEM. ENTRAM ELIZA, JOÃO E A ESTÁTUA DANÇANDO NO CLIMA CIGANO)
ELIZA: Beleza! Magia! Encantamento! O verdadeiro tesouro que é o dom de viver! As cores! O encantamento dos ciganos!
JOÃO: O teatro é o que mais me encanta.
(OS TRÊS FAZEM GESTOS CÊNICOS – COMO REVERÊNCIAS – AO DIZER AS PALAVRAS)
ELIZA: LIBERDADE!
JOÃO: IGUALDADE!
ESTÁTUA: FRATERNIDADE!
JOÃO: E agora, Estátua... Só falta mais um continente...
ESTÁTUA: Sim, João. O continente Africano. A Mãe África! A Mãe dos Saberes e dos Sabores! SABEDORIA, GENEROSIDADE e SOLIDARIEDADE. Essas são as palavras que vão nos levar até lá. E vamos ser guiados por Ananse, o homem aranha.
ELIZA: Por que ele é o homem aranha?
ESTÁTUA: Porque ele tece o seu próprio destino. E eu tenho uma história para contar pra vocês...
(ELIZA E JOÃO SENTAM)
ESTÁTUA: Um dia o homem aranha Anansi concluiu que, se conseguisse guardar todo o bom senso do mundo numa cabaça, poderia ajudar a humanidade.
- Sim - pensava ele - se guardo comigo todo o bom senso do mundo, muitas pessoas virão me procurar em busca de conselhos para resolverem seus problemas. Então saberei como ajudar.
Ele saiu com uma enorme cabaça recolhendo todo bom senso que encontrava. Quando a cabaça estava cheia, Anansi resolveu pendurá-la numa árvore bem alta para que ninguém pudesse alcança-la. Para isso, amarrou uma corda em volta da cabaça, pendurou-a em seu pescoço rente à barriga e começou a subir na árvore.
Mas a cabaça ficou balançando para lá e para cá dificultando seus movimentos.
Foi quando ele ouviu uma gargalhada e viu lá no chão um garotinho. Um menino que olhava para ele contorcendo-se de tanto rir.
- Que tolo! - dizia o menino. - Por que não coloca a cabaça nas costas?
Ao ouvir palavras tão sensatas saírem da boca de uma simples criança (logo quando ele havia conseguido recolher todo o bom senso do mundo) Anansi atirou a cabaça no chão quebrando-a em pedacinhos.
O vento soprou espalhando bom senso pelos quatro cantos do mundo.
Foi assim que cada pessoa ficou com um pouquinho.
(ELIZA E JOÃO APLAUDEM)
ESTÁTUA: Vamos, meninos! Não podemos perder tempo! Vamos seguir as teias de Anansi!
(OS TRÊS SAEM DE CENA – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA ÁFRICA E REALIZAM SUA CENA)
OFICINA ÁFRICA – LINGUAGEM PREDOMINANTE MÚSICA
(TERMINADA A CENA OS PARTICIPANTES DA OFICINA ÁFRICA SAEM. ENTRAM ELIZA, JOÃO E A ESTÁTUA. ELES CANTAM OS VERSOS DA CENA. ESTÃO EM ESTADO DE GRAÇA)
JUNTOS: Tuê Tuê marima
Tuê Tuê
Ó bonsondá o mana ona
Tuê Tuê marima
Tuê Tuê
JOÃO: Voltamos! A viagem terminou... Não é, Estátua?
ELIZA: Não, João! A Estátua entendeu o que é a Bandeira da Paz! A nossa viagem apenas começou!
ESTÁTUA: (NUMA SAUDAÇÃO) UBUNTU!
JOÃO E ELIZA: (NUMA SAUDAÇÃO) UBUNTU!
ESTÁTUA: UBUNTU é a cultura milenar da paz disse o grande líder mundial Nelson Mandela. O espírito UBUNTU é a manifestação da cultura popular de todos os povos do mundo. É o espírito olímpico nos jogos que integram povos e continentes. São entrelaçamentos que conduzem a cultura da Paz da e na humanidade.
(COMEÇAM A SER PROJETADAS NO TELÃO MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE VÁRIAS PARTES DO MUNDO)
ESTÁTUA: UBUNTU está nas rodas de histórias, na roda de samba, de capoeira, nas cirandas de todo mundo. Rodas em que todos se olham sem hierarquia. A chave é a importância da unidade na diversidade, criação e beleza nos fazeres que constituem a essência da humanidade.
(A MEDIA QUE OS PERSONAGENS FALAM ENTRAM OS PARTICIPANTES DAS OFICINAS PELO PALCO E PELA PLATÉIA)
ELIZA: SEMEAR, PLANTAR, COLHER e COMPARTILHAR.
JOÃO: CONFIANÇA, HARMONIA e UNIDADE.
ELIZA: EMPATIA, COMPAIXÃO e TOLERÂNCIA
JOÃO: LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.
ESTÁTUA: SABEDORIA, GENEROSIDADE e SOLIDARIEDADE. Essa é a verdadeira BANDEIRA DA PAZ! EU SOU PORQUE VOCÊ É!
(A MÚSICA COMEÇA – TODOS DE MÃOS DADAS CANTAM E REALIZAM UMA COREOGRAFIA)
TODOS: Força da paz
Cresça sempre, sempre mais
Que reine a paz e acabem as fronteiras
Nós somos um
UBUNTU
FIM