top of page

PERSONAGENS:

 

BANDEIRANTE

PESCADOR

LAVADEIRA

BORDADEIRA

ESCRITORA

 

NASCENTE

 

MÚSICA SOBRE O SÃO FRANCISCO OU SOBRE NASCENTE

 

(TERMINADA A MÚSICA O NARRADOR COMEÇA A SUA FALA. ENTRA UM PARTICIPANTE PUXANDO UMA GRANDE FAIXA AZUL QUE TOMA TODO O PALCO. A OUTRA PONTA DA FAIXA É MANIPULADA POR OUTRO PARTICIPANTE DURANTE A FALA DO NARRADOR – A CENA É ACOMPANHADA POR UMA MÚSICA DE FUNDO)

 

NARRADOR: (EM OFF) Contam que foi assim que surgiu o Velho Chico: viviam os índios, nos chapadões, em várias tribos. Entre esses estava uma linda mulher, a doce Iati. Era noiva de um forte guerreiro. Houve então uma guerra nas terras do norte e todos os guerreiros se foram para a luta. Eles eram tantos que os seus passos afundaram a terra formando um grande sulco. Entre eles se foi o noivo da formosa índia que tomada de saudades pelo seu amado chorou copiosamente. Suas lágrimas foram tantas que escorreram pelo chapadão despencando do alto da serra formando uma linda cascata, e caindo no sulco criado pelos passos dos Guerreiros, escorreram para o norte e lá muito longe se derramou no oceano... e assim nasceu o Rio São Francisco.

 

(TERMINADA A NARRAÇÃO OS PARTICIPANTES VÃO SAINDO DE CENA AINDA COM A MÚSICA DE FUNDO. PELO OUTRO LADO ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA  ÍNDIOS E REALIZAM SUA CENA)

 

1 – CENA: CARIRIS – DANÇA INDIGENA

 

(TERMINADA A CENA ENTRA UM BANDEIRANTE)

 

 BANDEIRANTE: Enfim... o Opará!! O Rio-Mar!! Era assim que os índios chamavam o Rio. Ou melhor a região da foz. O Rio foi descoberto por Américo Vespúcio que navegou na sua foz em 4 de outubro de 1501. Em homenagem a data o Rio-Mar ganhou o nome de São Francisco. Mas nós não estamos na foz! Estamos aqui! Na nascente... onde tudo começa... Muitos homens se aventuraram por suas águas até aqui, a nascente, movidos pela cobiça. Corriam histórias delirantes sobre tribos que se enfeitavam com ouro, pedras verdes, cristalinos diamantes. As entradas e bandeiras usaram suas águas como rota para penetrar no interior, nos séculos XVII e XVIII, e o Rio ganhou a alcunha de “Rio da Integração Nacional”.  Ele também tem outro nome, “Rio dos Currais”, por ter servido de trilha para fazer descer o gado do Nordeste até a região das Minas Gerais, sobretudo, no início do séc XVIII, quando se achava ali o ouro que fez afluir milhões de pessoas à terra e fazendo, assim, a fortuna de muita gente e, afinal, integrando a região Nordeste às regiões Leste, Centro-Oeste e Sudeste. Isso tudo graças a nós, os bandeirantes!

 

(DURANTE A FALA DO BANDEIRANTE, OS PARTICIPANTES DA OFICINA BANDEIRANTES/TEATRO ENTRAM E SE POSICIONA – TERMINADA A FALA OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

2 – CENA: BANDEIRANTES – TEATRO

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA BANDEIRANTES SAEM E ENTRA O PESCADOR. OS PARTICIPANTES DA OFICINA CARRANCAS/PLÁSTICA ENTRAM DURANTE A FALA DO PESCADOR)

 

PESCADOR: O Rio é fonte de vida, é tudo pra mim! Tem pescador que acha que o Rio São Francisco é que tem obrigação com ele e não ele com o Rio. O Rio São Francisco tem direito de alimentar ele e não ele de alimentar o Rio. Imagina... logo o Rio que nos alimenta de vida. E é um sobe e desce de barco. Com aquelas lindas carrancas! Ninguém sabe ao certo de onde vem essas carrancas. Qual a origem delas. Se vem da África, dos índios ou de outro lugar... Mas o certo é que elas dão alma ao barcos. E os barcos viram gente e tem sempre nome de mulher. Sabe como é, né? São as nossas mulheres. A gente se afeiçoa a elas... confia nelas. Entrega nas mãos delas as nossas vidas!

 

(TERMINADA A FALA O PESCADOR SAI E OS PARTICIPANTES DA OFICINA CARRANCAS/PLÁSTICA REALIZAM SUA CENA)

 

3 – CENA: CARRANCAS – PLÁSTICA

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA CARRANCAS SAEM E ENTRA O PESCADOR)

 

PESCADOR: Pescar é ficar ausente de tudo, sem cobiça, vendo a dança das estrelas. E o Rio abriga a todos. Nas sua margens a lugar para aqueles que tem bom coração! E tem lugar também para a folia, pra gargalhada. Em todas as cidades sempre passa um circo trazendo sua alegria! E o palhaço o que é? É ladrão de mulher!!

 

(COMEÇA A MÚSICA – HISTÓRIA DE AMOR – ENTRAM OS PARTICIPANTES DA OFICINA CIRCO E REALIZAM SUA CENA) 

 

4 – CENA: CIRCO (MAMBEMBE)

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA CIRCO SAEM E ENTRA A LAVADEIRA CARREGANDO UMA TROUXA DE ROUPA)

 

LAVADEIRA: Ai!! Que é muita roupa pra lavar!! Mas tem esse Rio todo aí pra me ajudar! Sabe... tem água na minha casa! Claro que tem! Mas eu não lavo lá, não! Só lavo no Rio! É parece que fica mais limpo...  Todo mundo por aqui faz o mesmo. O Rio está sempre bonito, brilhando, parecendo um diamante, mas por baixo do espelho d’água, ele está morrendo e ninguém faz nada. É uma pena! Porque o Rio tem tanta história pra contar! É tanto causo que haja boca pra falar...

 

(DURANTE A FALA DA LAVADEIRA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA CAUSOS ENTRAM E SE POSICIONA – TERMINADA A FALA, A LAVADEIRA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

5 – CENA: CAUSOS

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA CAUSOS SAEM E ENTRA A LAVADEIRA)

 

LAVADEIRA: Eu também vou contar pra vocês uma coisa que alguns podem até não acreditar, mas é verdade verdadeira: tem uma hora que o Rio dorme. É verdade! A meia noite as águas adormecem, o Rio se aquieta por alguns minutos, e todos os seres de suas águas adormecem. Nesses poucos momentos não se pode despertá-los, pois acordados as águas se enfurecem virando as canoas e inundando as terras. Não se deve, portanto desrespeitar o leve sono das águas. Quando o Rio dorme as almas dos afogados se dirigem para as estrelas, a Mãe D'Água sai e se senta nas pedras no meio do Rio e enxuga os longos cabelos, os peixes param no fundo do Rio, as cobras perdem o veneno. Se alguém despertar as águas ficam tumultuadas e bóiam todos os cadáveres dos afogados e não há quem possa navegar... quando o Rio dorme aí a água fica silença!

 

(DURANTE A FALA DA LAVADEIRA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA SONO DO RIO ENTRAM E SE POSICIONAM – TERMINADA A FALA, A LAVADEIRA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

6 – CENA: O SONO DO RIO – CORPO

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA SONO DO RIO SAEM E ENTRA A BORDADEIRA)

 

BORDADEIRA: E o Rio continua seu caminho. Vai bordando seu destino. E eu bordo no tecido as águas desse Rio. Ele é que me inspira! Que comanda a minha mão... comanda a agulha... e comanda a linha no pano. Ele tece meu destino. Sem o Rio eu não vivo. E as águas bordadas enfeitam tudo: enfeitam a casa e a rua! Enfeitam a dança... a saia que roda... que gira na ciranda... que brinca e faz da nossa vida uma festa!!

 

(DURANTE A FALA DA BORDADEIRA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA DANÇAS E FOLGUEDOS ENTRAM E SE POSICIONA – TERMINADA A FALA A BORDADEIRA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

7 – CENA: DANÇAS E FOLGUEDOS

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA DANÇAS E FOLGUEDOS SAEM E ENTRA A BORDADEIRA)

 

BORDADEIRA: Os remeiros pedem benção... Rio sabe de gente, conhece fraquezas, firmezas, trata com estima quem respeita suas toadas, seus silêncios, e com desdém os que só querem tirar proveito na ganância. E isso tudo tá na vida da gente! Aparece de um jeito muito gostoso nas histórias feitas com “mão molenga”! Na brincadeira faceira do mamulengo!! O Rio conta os segredos para os mamulengueiros e eles contam tudo pra gente!!

 

(DURANTE A FALA DA BORDADEIRA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA MAMULENGO ENTRAM E SE POSICIONA – TERMINADA A FALA A BORDADEIRA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

8 – CENA: MAMULENGO – PLÁSTICA

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA PLÁSTICA SAEM E ENTRA A ESCRITORA)

 

ESCRITORA: E o Rio tem muita história pra contar! Suas águas escondem mistérios... figuras fantásticas!! Seres sobrenaturais que assombram e protegem as águas do Rio-Mar! Nas minhas andanças pelo Rio tenho encontrado tantas histórias! Tanta magia! E eu vivo para escrever sobre as águas desse mar em forma de Rio. Então... que venha o Caboclo D´Água! O vapor Encantado... O Nego D´Água... a Iara.  A Mãe D´Água!! Que venham todos os seres das águas!!

 

(DURANTE A FALA DA ESCRITORA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA MITOS E LENDAS ENTRAM E SE POSICIONAM – TERMINADA A FALA A ESCRITORA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

9 – CENA: MITOS E LENDAS

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA MITOS E LENDAS SAEM E ENTRA A ESCRITORA)

 

ESCRITORA: Como escreveu Guimarães Rosa, a história do São Francisco tem sido a história do sofrimento de um Rio que há mais de quinhentos anos é fonte de vida e riqueza. Até fizeram um ABC sobre isso, como diz o povo! Sabe o que é um ABC? O ABC é um tipo de poesia que descreve de A a Z um personagem, um fato ou um assunto. E dessa forma o poeta louva ou brinca  com aquilo que está na boca do povo. E viva o ABC do velho Chico!! Viva a Cultura Popular!!

 

(DURANTE A FALA DA ESCRITORA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA ABC ENTRAM E SE POSICIONAM – TERMINADA A FALA A ESCRITORA SAI E OS PARTICIPANTES REALIZAM SUA CENA)

 

10 – CENA: ABC LITERATURA E MÚSICA

 

(TERMINADA A CENA, OS PARTICIPANTES DA OFICINA ABC SAEM E ENTRAM TODOS OS PERSONAGENS E SE POSICIONAM NA FRENTE DO PALCO)

 

FOZ

 

BANDEIRANTE: Chegamos a foz! E a corrente não tem retorno. A água do rio é que nem as horas: depois que passa, nunca mais volta!

BORDADEIRA: Existe outro Rio, que vive dentro do Rio, que não navega, não passa. Que mora dentro da gente!

PESCADOR: E eu sou um barco desse rio, segui minha vida misturado com a dele. É como arrebata, me carrega na sua água macia. Sou feito da mesma natureza, acaba que fiquei com  temperamento igual, sempre manso, quase sempre às vezes, atrevido que nem ele.

ESCRITORA: Dizem que se um dia você beber da água do Velho Chico, não poderá mais esquecê-lo e sempre retornará

LAVADEIRA: Caminho para o fim do Rio cada vez mais sabendo de mim. Com orgulho da minha vida barranqueira desse São Francisco que de tão grande me põe no mundo todo.

JUNTOS: O Rio que me põe no mundo todo!!

 

(DURANTE AS FALAS ENTRAM PARTICIPANTES DAS OFICINAS – TERMINADAS AS FALAS COMEÇA A MÚSICA E OS PARTICIPANTES REALIZAM UMA CENA/COREOGRAFIA)

 

CENA FINAL: O RIO PARA O MUNDO

 

FIM

ROTEIRO CAMINHO DAS ÁGUAS.jpg
bottom of page