top of page

CONTOS

DE ANIMAIS

A TARTARUGA E A LEBRE

 

Uma vez, numa floresta, todos os bichos estavam reunidos. Então, a tartaruga falou para a lebre:

— Vamos apostar quem chega primeiro lá onde fica aquela árvore?

A lebre riu muito dela:

— Você está louca? Lenta do jeito que você é não vai ganhar nunca! Está esquecendo que sou um dos animais mais rápidos que existem?

— Eu sei disso! Mas mesmo assim continuo apostando!

A lebre riu ainda mais. Sabia que era capaz de chegar até a árvore em quatro pulos.

— Está bem! Depois não diga que eu não avisei!

Combinaram um prêmio e os outros bichos ficaram na torcida. A lebre deixou a tartaruga partir. Pastou, escutou de que lado vinha o vento e dormiu. Enquanto isso, a tartaruga foi indo, no seu passo vagaroso. Sabia da sua lentidão e, por isso, não parava de andar. E a lebre murmurava:

— Essa aposta nem vale a pena! Para a vitória ter algum valor, eu sair só no último instante!

Quando a tartaruga estava quase chegando ao final combinado, a lebre partiu como uma flecha. Mas já era tarde demais. Quando chegou, a tartaruga já estava lá. A lebre teve que lhe entregar o prêmio e, ainda por cima, dar os parabéns.

E acabou a história.

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTOPESSÔA

O LOBO E AS CABRAS

 

Era uma vez um grande rebanho de cabras muito pequenas que viviam todas juntas numa casa. Todos os dias a mãe delas saia de casa para trazer comida para as filhas. E ela sempre dizia para que as cabrinhas não abrissem a porta para ninguém, pois o lobo podia aparecer e acabar com todo mundo. Quando voltava para casa, para que elas soubessem que era a mãe que batia a porta, ela passava a pata branca por baixo da porta. Quando voltava do campo, ela dizia:

— Podem abrir a porta, minhas filhas, que eu trago gostosas ervilhas!

Dizia isso e passava a pata por baixo da porta. As cabrinhas viam a pata branca e abriam a porta. O lobo prestou atenção nessa combinação das cabras. Um dia, que a mãe delas saiu, o malvado foi até a porta, bateu e falou:

— Podem abrir a porta, minhas filhotas, que eu trago gostosas ervilhas!

As cabrinhas pediram para ver a pata. O lobo passou sua pata grande e marrom por baixo da porta. E as cabras gritaram:

— Uma pata grande e marrom! Não abrimos que é lobo feroz!

Mas o lobo não se deu por vencido. Arranjou um pedaço de pano branco e enrolou sua pata com ele. Voltou para a casa das cabras e disse:

— Podem abrir a porta, minhas filhinhas, que eu trago gostosas ervilhinhas!

Disse isso e colocou a pata enrolada por baixo da porta. As cabrinhas vendo a pata branca acharam que era a mãe e abriram a porta. Foi um susto danado. Elas deram de cara com o lobo e gritaram:

— É o lobo! Socorro!

As cabrinhas correram para se esconder e o lobo correu atrás dando dentadas. Já estava quase pegando as coitadas quando a mãe delas chegou. A cabra vendo aquela cena ficou furiosa. Era grande e chamou o lobo para a luta:

— Agora você vai ver, seu covarde! Venha enfrentar quem pode com você!

O lobo, achando que era forte, foi pra cima da cabra. Mas a mãe das cabrinhas estava furiosa e saiu dando chifradas no lobo. O malvado, todo machucado, fugiu correndo para nunca mais voltar. E a família das cabras pode viver tranquila.

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

O MACACO E O DOCE CARAMELADO

 

O Macaco comprou um doce caramelado, mas deixou cair no buraco de uma árvore. Ele não conseguia tirar o doce de lá e foi direto pedir um machado ao ferreiro. Mas o homem dos ferros nem se mexeu. E o macaco foi para o castelo do rei. Entrou no palácio, dando pulos e gritando:

— Senhor rei, mande o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

Mas o rei não deu bola para o caso. E o macaco foi falar com o senhor rato:

— Senhor Rato, roa a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

Mas o rato continuou comendo seu queijo. E o macaco foi falar com o gato malhado:

— Senhor Gato, mande o rato roer a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore pra tirar de lá o meu doce caramelado!

Mas o malhado nem miou. O macaco ficou muito ofendido e encontrou com um bastão:

— Senhor Bastão, mande o gato, mandar o rato roer a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

 Mas o bastão ficou parado. O macaco então foi falar com o fogo:

— Senhor Fogo, mande o bastão, mandar o gato, mandar o rato roer a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

Mas o fogo nem piscou. E o macaco foi falar com a água:

— Dona Água, mande o fogo, mandar o bastão, mandar o gato, mandar o rato roer a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

Mas a água nem pingou. E o macaco foi falar com o homem:

— Senhor homem, mande a água, mandar o fogo, mandar o bastão, mandar o gato, mandar o rato roer a roupa do rei para ele mandar o ferreiro fazer um machado que eu quero aumentar o buraco da árvore para tirar de lá o meu doce caramelado!

O homem estava com sede e foi falar com água, que falou com o fogo, que falou com o bastão, que falou com o gato, que falou com o rato. O rato foi roer a roupa do rei. E o rei mandou o ferreiro fazer um machado e para o macaco entregou. Com o machado o macaco alargou o buraco da árvore e tirou de lá o seu doce caramelado.

E essa história acabou.

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

O SAPO E A ONÇA

 

Mestre sapo cururu, que uma espécie de maestro da lagoa, estava chateado com a onça. A grandalhona tinha maus modos e se achava melhor que todo mundo. Ele queria mostrar que todos os bichos tem importância na natureza. O cururu teve uma ideia e foi falar com a pintada:

— A senhora se acha melhor que todo mundo, não é dona onça? Mostra só grande ignorância!

A onça não gostou:

— Como é que é? Que petulância! Você me chamou de ignorante? Eu acabo contigo, miserável!

E o sapo continuou na maior calma:

— É ignorante, sim! É ignorante porque ignora o grande poder dos sapos! Mas pode conhecer se quiser! Vamos fazer uma competição: amanhã, nessa mesma hora, a gente se encontra aqui na lagoa. A senhora mostra o seu poder e eu mostro o poder de um sapo! Vamos ver quem é o mais poderoso!

A onça gostou da ideia e aceitou a disputa. Ela queria mostrar, para todos os outros bichos, todo o seu poder.

— Então está combinado! Amanhã nos encontramos aqui!

E a grandona foi embora. Estava certa de que daria uma lição no sapo. Por seu lado, mestre cururu continuou a trabalhar no seu plano. Chamou todos os sapos da lagoa e combinou o que fariam na hora da competição. Depois, convidou todos os bichos da floresta para a grande disputa.

Na noite seguinte, a floresta inteira estava na lagoa a espera do grande momento. O sapo se posicionou na sua pedra à espera da onça. E ela chegou. Com cara de já ganhou. Foi logo perguntando para o sapo:

— Como será a competição?

E o sapo:

— Simples: mostre o seu poder que eu depois mostrarei o poder de um sapo! Aquele que ficar mais apavorado, perde!

A onça estufou o peito e deu um rugido. Tão alto e forte que todos os bichos tremeram de medo. Só o mestre cururu não tremeu. Pelo menos por fora. A onça olhou para o sapo e disse:

— Agora mostre esse seu grande poder!

O sapo abriu a boca e, quando ia dar uma grande coaxada, foi acompanhado por todos os sapos que estavam na lagoa. O barulho vinha de todos os lados como um grande trovão. Os bichos ficaram muito assustados, mas logo caíram na gargalhada ao ver a onça correndo de medo. Tão apavorada que até perdeu a cor. E o mestre cururu venceu a competição.

 

Adaptação de Augusto Pessôa

A ONÇA, A RAPOSA E O QUEIJO

 

A onça era muito abusada. Queria muito comer um queijo e foi falar com a raposa:

— Amiga raposa, estou com muita vontade de comer um queijo! Eu podia bater em você e tomar o seu dinheiro, mas vou propor um acordo: a senhora compra o queijo e a gente divide. Eu fico com a maior parte e a amiga com um pedacinho! O que me diz da proposta?

A raposa ficou irritada, mas sabia que, caso não aceitasse, a onça ia tomar seu dinheiro. Ela começou a pensar num plano de acabar com aquela situação e falou:

— Claro que aceito, onça! Uma proposta tão boa como essa! Vamos comprar o queijo!

E foram as duas. No caminho a raposa começou uma conversa mole:

— Eu estava mesmo querendo comprar um queijo para fazer uma experiência! A amiga sabe que a coruja é o bicho mais inteligente da floresta, não é? Pois a coruja contou pra mim que fez uma experiência que deu muito certo! Ela disse que, se a gente colocar um queijo em cima de uma árvore, ele cresce como frutos! Dobram! Triplicam de tamanho!

A onça que era forte, grandona e malvada, mas era tonta de dar dó, foi caindo na conversa da outra:

— Então vamos comprar logo esse queijo!

As duas compraram o queijo. A raposa pegou a guloseima e colocou no galho mais alto de uma árvore. E a onça perguntou:

— E agora? O que a gente faz?

E a raposa respondeu:

— Vamos tirar uma soneca para esperar o queijo crescer!

As duas foram. Encontraram um descampado e a onça logo adormeceu. A raposa correu para a árvore e comeu o queijo todo. Colocou no lugar uma pedra bem pesada e voltou para o descampado. Quando chegou a onça abriu os olhos:

— Que aconteceu, amiga raposa? Não consegue dormir?

E a raposa respondeu tranquila:

— Já dormimos bastante, amiga! Vamos ver o queijo que já deve estar enorme!

Chegando na árvore, a raposa propôs:

— Amiga, vou subir e jogar o queijo! A amiga fica aqui embaixo e pega o queijo. Pode ser assim?

Assim foi.  A raposa subiu rápido. Lá em cima gritou para a onça:

— Segura, danada!

E a raposa jogou a pedra com força. Era um bloco pesado e a onça não conseguiu pegar. O pedregulho caiu no pé da malvada. Ela sentiu tanta dor que sumiu para nunca mais voltar.  E a raposa pode viver sua vida tranquila sem se preocupar com a onça grandona.

Adaptação de Augusto Pessôa

A RAPOSA E O PATINHO

 

Era uma vez um patinho que não gostava de ficar junto com os irmãos nadando no lago. Ele queria sair por aí sem olhar para traz. A sua mãe ficava preocupada, mas ele a acalmava:

— Pode deixar, mãe! Eu sei me cuidar!

Um dia o danadinho foi caçar alguns insetos. Atrás de uma folhagem, ele encontrou uma raposa engasgada com um osso. O patinho ficou olhando aquilo e teve pena. Muito gentil, chegou perto da raposa e disse:

— Quer que eu retire para a senhora?

A raposa ficou feliz:

— Quero sim, meu filho. Faça essa caridade.

A raposa abriu a boca, o patinho enfiou sua asa e retirou aquele osso. Ela suspirou aliviada e agradeceu muito. Mas depois começou a fazer umas perguntas esquisitas:

— Onde é sua casa? Você tem mais irmãos? Mora muito longe daqui? Passeia todos os dias? A que horas você dorme?

O patinho estranhou:

— Pra quê a senhora quer saber isso tudo?

A raposa disfarçou já arregalando o olho para cima do outro:

— Por nada... É que eu sou muito curiosa...

O patinho começou a desconfiar da raposa esperta. E logo compreendeu qual era a intenção dela. Então, carinhosamente, perguntou:

— Senhora Raposa, não acha melhor eu passar uma pena, com água na sua garganta. Parece que ela está tão machucada. Assim, a senhora poderá falar melhor.

A raposa ficou contente já pensando em devorar o pequeno pato:

— Ah, sim, meu amigo! Muito obrigada!

A espertinha abriu, novamente, a boca. O patinho, com muito cuidado, colocou o osso de volta na goela dela e saiu correndo para longe.

E acabou a história.

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

O MACACO E A COTIA

O Macaco estava na beira da estrada, cuidando da vida dos outros e com a cauda  atravessando o caminho. Perto dele uma cotia comia uma frutinha enquanto tomava o sol da manhã. Ela estava tão feliz que nem reparava no olhar de reprovação do macaco. O danado murmurava consigo mesmo:

 

- Mas olha só! Que descuidada! Fica aí olhando pro nada... comendo essa fruta... tem que tomar cuidado se não pode acontecer uma desgraça!

 

A cotia se espantou:

 

- Falou comigo, compadre macaco?

 

E o macaco respondeu:

 

- E com quem poderia ser, dona cotia? A senhora é muito distraída! Fica aí... olhando para o nada! Olha que pode passar um carro por essa estrada e arrancar o seu rabo!

 

A cotia se espantou de novo:

 

- Mas eu não tenho rabo, seu macaco!

E o macaco insistia:

 

- Isso a senhora diz! Mas depois que perder o rabo não reclame comigo!

 

Nisso veio devagar pela estrada um carro de boi. Vinha com seu gemido rouco e lento deixando duas trilhas pela estrada. E o Macaco continuava na falação:

 

- Cotia, preste atenção! Cuidado com seu rabo! Aqui nessa estrada passa muito carro de boi!

 

A Cotia, cada vez mais espantada, não sabia nem mais o que dizer. O carro de boi se aproximava devagar e já se ouvia aquele ronco grave. E o macaco, enquanto balançava devagar o rabo estendido na estrada, continuava a dar conselhos para a cotia:

 

- O rabo é uma coisa muito importante! Não se deixa ele solto por aí! Olha... escute só... está se aproximando um carro de boi! Se a senhora não prestar atenção pode perder seu rabo! Depois vai ficar reclamando!

 

E a cotia se aborreceu:

 

- Mas, criatura, eu não posso perder uma coisa que eu não tenho!

 

E o macaco:

 

- E ainda por cima é mal criada! Depois não diga que eu não avisei!

 

Nesse exato momento o carro de boi estava bem em cima deles. O macaco, tão preocupado com o rabo que a cotia não tinha, esqueceu do seu. O carro gemeu forte e as duas rodas poderosas, lentas e pesadas, passaram por cima da cauda do pobre macaco. O bicho deu um grito terrível e saiu aos saltos. Deve estar agora em casa pensando que é melhor cuidar da sua vida que da vida dos outros.

 

Adaptação de Augusto Pessôa\

O URUBU E O GAVIÃO

 

Diz que o gavião estava voando de uma forma magnífica pelos céus. De um jeito que só ele sabe fazer, quando viu lá embaixo o urubu. A ave preta estava muito triste e o garboso gavião se aproximou:

 

- O que houve, compadre urubu? Porque essa tristeza toda?

 

E o urubu no seu desalento foi falando:

 

- Ah, amigo gavião, e não é pra ficar triste? Tô com fome e não tenho nada pra comer!

 

E o gavião começou a zombar do urubu:

 

- Ora, que bobagem! Mas porque o amigo não faz como eu que sou forte e poderoso? Tem que sair voando por aí para encontrar comida!

 

E o urubu explicou:

 

- Compadre, eu não sou como o senhor! Só como o bicho morto e frio! Só como se Deus permite!

 

E o gavião continuou a zombaria:

 

- Pois perde tempo esperando! Tem que fazer como eu, que saio voando por aí e encontro caça viva e com sangue quente! Comer carne morta e fria? Que nojo!

 

E o urubu resignado:

 

- Cada um como Deus fez!

 

O gavião se emplumou todo e respondeu:

 

- Pois fique por aí, esperando sua comida, que eu vou me fartar!

 

E o gavião saiu voando, todo empolgado, deixando o urubu quase morto de fome. O garboso caçador foi pelo céu e logo encontrou um bando de rolinhas. Mirou na mais gordinha delas e chispou no ataque. A rolinha era gorda, mas era esperta. Saiu fugindo na maior disparada. E o gavião atrás da rolinha e a pobre fugindo de seu caçador. Até que a avezinha viu uma árvore com um buraco bem no meio. A pequena bateu mais forte as asas e foi seguida pelo gavião. A rolinha passou direto pelo buraco, mas o gavião, que de tão acelerado não conseguiu desviar, entrou direto no buraco e, por ser maior, ficou preso. Todo machucado tentou se livrar daquela prisão, mas não conseguiu.

Lá onde estava, o urubu começou a pensar. Talvez o gavião tivesse razão. Ficando ali parado ele não conseguiria nada. Meio fraco, o coitado saiu voando. Ia assim, sem ter sucesso, até que passou pela árvore onde estava preso o gavião. O prisioneiro pediu desesperado:

 

- Compadre urubu, me ajude!

- Mas ajudar o senhor? O senhor que é tão forte e poderoso!

- Estou preso! Se o senhor me salvar a gente pode caçar junto!

- Compadre, como já lhe disse antes: só como o que Deus me dá! Morto e frio! Por isso... esfrie, compadre! Esfrie!

 

O urubu ficou voando por ali esperando a hora de se alimentar.

 

Adaptação de Augusto Pessôa de conto popular

narrado por José Raimundo dos Santos

em Vitória da Conquista (BA)

  

 

A CASA DO URUBU

Era uma vez um urubu que voava tranquilo. Estava tão distraído, que nem percebeu o que vinha por aí. De repente, caiu uma chuva tão pesada que parecia que o mundo ia acabar. Era chuva de dar medo. Raio e trovão. Com certeza ia alagar o mundo. O urubu não quis saber de mais conversa, foi voando como um raio e pousou no telhado de uma casa velha. Ficou olhando como as outras aves, que voavam tão rasteiro, iam se arranjar, quando ele, rei dos ares, não tinha onde se esconder. Umas pombas entraram nos pombais como se entrassem nas suas casas. E o urubu falou assim:

​— Deixa vir o Sol que eu também vou fazer minha casa!

​Depois vieram as rolinhas e se esconderam na beirada das telhas. E o urubu falou:

​— Eu também vou fazer minha casa.

​​Depois um joão-de-barro, morador de um ipê, meteu a cabecinha fora do buraco de sua casa e ficou espiando a chuva. O urubu tornou a dizer:

​— Eu também vou fazer minha casa.

​A chuva caía que não era brinquedo. Uma coisa terrível que parecia não ter fim. O coitado do urubu estava todo molhado e jurando que, quando surgisse o sol, ele ia fazer sua casa.

Mas...

A chuva passou e veio o sol que iluminou e aqueceu todo o lugar. O urubu, sentindo aquele calor gostoso, não quis saber de mais nada. Sacudiu as asas e voou para esquentar o corpo. Ele voava muito alto. Quando desceu, encontrou com uma rolinha que perguntou ao urubu:

​— Quando o compadre vai fazer sua casa? Quer ajuda?

​E ele sem querer ser deselegante, mas com pouca paciência, respondeu:

​— Aí, rolinha... Não quero fazer casa! A minha casa é o céu! Você tem casa, mas não é capaz de ir aonde eu vou.

​E batendo as asas com força o urubu gritou:

​— Quem tem asa... Pra quê quer casa?

​E acabou a história.​

Adaptação de Augusto Pessôa

 

 

A TARTARUGA E AS GARÇAS

 

Duas garças e uma tartaruga viviam em um pequeno lago. Elas eram muito amigas.

Mas aconteceu uma desgraça. Uma seca terrível. Os campos foram queimados pelo sol. E o pequeno lago também secava sem perdão.

As garças resolveram voar para ver como é que as coisas estavam por outros lados. Voltaram dizendo que todos estavam se mudando para o Lago Celeste. Elas precisavam fugir. A tartaruga desatou a chorar. Ela não tinha como fugir. Em menos de três dias de marcha seria assada pelo sol. As garças ficaram com pena e resolveram não viajar para ver se as coisas melhoravam. Mas nada mudou. Até que uma das garças teve uma ideia:

— Vamos procurar uma vara comprida. Nós agarramos pelas pontas com o bico e a tartaruga agarra com a boca pelo meio. Depois voamos com a nossa amiga!

A tartaruga pulava de alegria. Mas as garças falaram que a amiga não poderia abrir a boca durante a viagem. Qualquer distração seria o suficiente para cair lá do céu. E a cascuda concordou. Jurou que não abriria a boca de jeito nenhum.

As garças pegaram uma vara comprida. As duas seguraram pelas pontas, a tartaruga mordeu no meio e as três saíram voando. Passaram por cima de florestas e montanhas. Até que começaram a passar por aldeias. Algumas pessoas olhavam para o céu e diziam:

— Olhem como a tartaruga é esperta! Ela segura um pau pelo meio e faz com que as garças a levem!

As garças continuaram voando sem prestar atenção ao que diziam. Mas a tartaruga ficou com o coração pulando de alegria ao ouvir os elogios. A viagem continuava e os elogios aumentavam. E cada vez mais a tartaruga se achava inteligente. Até que... Um pastor viu as três amigas voando e gritou bem alto:

— Como aquelas garças são inteligentes! Levam um pau no bico e carregam a tartaruga com elas!

As garças, mais uma vez, não prestaram atenção. Mas a tartaruga ficou ofendida. E pensou: "Preciso dizer a ele quem é a inteligente!" Furiosa juntou todas as forças e gritou:

— Fui eu!...

A tartaruga não conseguiu acabar a frase. Abriu a boca e caiu das alturas.

RECONTO DE AUGUSTO PESSÔA

A FESTA NO CÉU

 

Diz que vai ter festa no céu. Mas só para os bichos que voavam. O sapo queria ir na festa dos voadores. O urubu, que era o violeiro da festa, não acreditava nele. Mas o sapo foi categórico:

— Claro que vou, compadre urubu! E vou voando!

— Essa eu pago pra ver!

No dia da festa, o sapo foi na casa do urubu mostrar a sua roupa. O urubu se espantou com a elegância do amigo. O sapo se despediu e fingiu que foi para festa, mas ficou escondido na casa do violeiro.

Chegou à noite, o urubu foi se arrumar para a festa. O sapo aproveitou e pulou para dentro de sua viola. O urubu se aprontou, pegou a viola, botou nas costas e saiu voando. Mas estranhou que a viola estava pesada. O sapo, dentro do instrumento, nem se mexia.

Quando chegou ao céu, o urubu deixou a viola num canto e foi descansar um pouco. Foi o tempo certo para o sapo sair da viola. A festa estava realmente uma beleza! Todos os bichos que voavam estavam lá! E no meio deles, o sapo que comia, bebia e dançava.  O urubu tocava sua viola e comentava:

— Não é que o sapo veio mesmo!

A festa já estava terminando. Os convidados foram saindo. O urubu parou de tocar, deixou sua viola num canto e foi comer alguma coisa. Foi o tempo certo para o sapo entrar na viola. O urubu botou a viola nas costas, se despediu dos que ainda estavam lá e saiu. Mas estranhou que a viola estava mais pesada. O sapo, dentro da viola, depois que tinha comido e bebido todas, não conseguia se segurar. O urubu estranhou o barulho, olhou dentro da viola e deu de cara com o sapo.

— Assim que o senhor foi a festa? Pois se não sabia voar, vai ter que aprender agora!

O urubu virou e sacudiu a viola. E o sapo foi caindo. Lá em baixo um monte de pedras. E o sapo gritava:

— Afasta pedra!

A pedra nem se mexia. E o sapo se esborrachou no chão. Mas ficou com uma saudade da festa. E é por isso, que o sapo anda pulando tentando voltar para a festa no céu.

Adaptação de Augusto Pessôa

O COELHO E O SAPO

 

O coelho vivia zombando do sapo e o coitado ficava zangado. Um dia, ele se cansou de tanta zombaria e fez uma proposta ao outro:

— Quer apostar uma corrida comigo? Vamos correr amanhã, você na estrada e eu pelo mato, até a beira do rio. Que tal? Se você ganhar, eu darei um tesouro que tenho guardado. Se eu ganhar, você não poderá mais zombar de mim. Aceita?

O coelho riu muito e aceitou o desafio. A notícia da corrida se espalhou pela floresta. Todos os bichos queriam ver aquela competição inacreditável. Sem os outros bichos perceberem, o sapo começou a armar seu plano. Reuniu todos os seus parentes e pediu para que eles ficassem na margem do caminho, para responder aos chamados do coelho.

Na manhã seguinte, toda a floresta estava no local marcado para a realização da corrida. O coelho chegou com cara de já ganhou.  Quando o sapo chegou, alguns bichos começaram a rir baixinho. Mas ele nem ligou. A coruja fez um risco no chão e avisou:

— A corrida começa aqui e termina na beira do rio! Que vença o melhor!

O sapo e o coelho se enfileiraram e a gralha deu o grito de partida. O orelhudo disparou como um raio e correu muito. Até que parou e perguntou a si mesmo achando graça:

— Será que, se eu chamar o sapo, ele me ouve?

E rindo sozinho ele tentou:

— Camarada sapo? Camarada sapo? Você está aí?

E de dentro do mato um parente do sapo respondeu:

— Estou aqui, coelho! E vou ganhar a corrida!

O orelhudo não acreditou e recomeçou a correr. Correu bastante. Até que ele voltou a chamar:

— Camarada sapo? Camarada sapo? Você está aí?

E de dentro do mato outro parente do sapo respondeu:

— Estou aqui, coelho! E vou ganhar a corrida!

O orelhudo não conseguia acreditar. E foi assim por toda estrada. O coelho exausto chegou à margem do rio. O sapo, que tinha feito um caminho mais curto, já esperava no fim da corrida. Estava tranquilo e com um sorriso nos lábios. Os bichos todos ficaram espantados. O coelho declarou-se vencido e nunca mais pode zombar do sapo.

E acabou a história

RECONTO DE AUGUSTO PESSÔA

O MACACO E OS TRABALHADORES

 

Uma onça adorava contar vantagem. Ela reunia os bichos e começava um discurso sem fim:

— Comigo é assim: faço, aconteço e não passo recibo! Mando e desmando! E ai de quem não obedecer! Chego e vou logo mandando! Consigo tudo o que quero! Não é?

Os bichos confirmavam morrendo de medo. Mas o macaco começou a pensar num jeito de acabar com essa valentia da onça.

Perto dali uns trabalhadores estavam construindo uma casa. Eles tinham muita comida para as refeições. O macaco pensou num jeito de saborear boa comida e ainda acabar com a falação da onça. O malandro foi até a construção e falou:

— Felizes daqueles que trabalham! Tudo de maravilhoso para suas vidas!

Os trabalhadores pararam o serviço para ver quem dizia coisas tão boas. Foi a deixa para o macaco começar a fazer tantos gracejos, tantas gracinhas, que os homens riram muito. Ficaram tão contentes que deram para o danado um bonito cacho de bananas. O macaco pegou aquele cacho e correu para um caminho que ele sabia que a onça passava todo dia. O espertinho ficou ali parado e saboreando aquelas bananas que chegavam a brilhar de tão bonitas. Não demorou muito, apareceu a onça. Quando a malhada viu o macaco, comendo aquelas frutas maravilhosas, perguntou:

— Que beleza de cacho, macaco! Como é que você conseguiu isso?

E o macaco respondeu:

— Ué! Seguindo os conselhos da minha mestra! Como a senhora ensinou: fiz, aconteci e nem passei recibo! Aqui perto tem uma casa em construção. Cheguei lá, enchi os peitos e falei tudo o que queria! Botei eles no lugar e exigi o cacho de bananas!

A onça ficou espantada e despediu-se do outro:

— Bom, macaco... Você está com a vida ganha... Eu vou ganhar a minha...

— A senhora vai lá na casa? - quis saber o macaco.

E a onça respondeu:

— Claro que não! Isso é pra bico miúdo! Eu tenho mais o que fazer! Adeus!

Mas era só desculpa da onça. Na verdade, a falastrona estava morrendo de inveja. E a onça foi toda prosa para a casa em construção. Chegou lá, encheu os peitos e gritou:

— Cambada de safados! Malandros! Porcalhões! Quero muita comida agora na minha mão!

Os trabalhadores primeiro tomaram um grande susto. Mas a surpresa passou rápido. Os trabalhadores se armaram de paus e pedras e caíram de pancada na onça. A pobre apanhou tanto que parecia que nenhum osso ia ficar inteiro. A onça conseguiu fugir, mas nunca mais ficou contando vantagem.

 

Adaptação de Augusto Pessôa - In MACACADA - Editora Escrita fina

O MACACO E O REI JACARÉ

 

Diz que o macaco morava num lugar onde tinha um monte de bananeiras. Ela cuidava das árvores que davam pra ele frutos suficientes para sua alimentação. E como o macaco cuidava muito bem das bananeiras, os frutos eram os mais gostosos da floresta.

Nesse mesmo lugar vivia um jacaré enorme. Muito grande mesmo. Com mais de três metros de cumprimento. Por ser tão grande e forte, ele decidiu que seria o rei daquelas paragens. E ninguém ousou desobedecer. O jacaré gostava muito de bananas e espichava o olho para as frutas do macaco. O suposto rei resolveu roubar as bananas do seu dono. Ordenou que o papagaio pegasse as frutas e trouxesse para ele. A ave tentou pegar, mas o macaco não arredava pé daquele lugar e não deixava ninguém se aproximar de suas bananas.

Mas o papagaio era esperto e inventou uma história para enganar o macaco. Chegou de mansinho e foi puxando conversa:

 

- Como vai, macaco?

- Vou bem, papagaio! E você?

 

E o penoso:

 

- Eu estou bem! Graças a Deus! E o seu irmão melhorou?

 

Macaco estranhou:

 

- Meu irmão? Melhorou? Como assim? Não sabia que ele estava doente!

           

E o papagaio jogou uma conversa mole:

 

- Ih... não sabia, não? Diz que seu irmão está muito doente! Está morre, não morre!

 

O macaco ficou desesperado:

 

- Meu irmão... coitado! Mas como é que você soube disso, seu papagaio?

- Ah... as notícias correm... os ventos trazem... Conheço muitos pássaros que moram perto do seu irmão e me disseram que ele está muito mal sem fala!

 

 O macaco ficou preocupado:

 

- Coitado do meu irmão! Eu vou lá fazer uma visita! Eu tenho que ajudar! Ah... mas como eu vou deixar minhas bananas? Quem é que vai cuidar das minhas frutas?

 

E o papagaio:

 

- Ah... pode ir sossegado, amigo! Eu tomo conta das suas bananas pra você!

 

O macaco saiu correndo pra casa do irmão e não entendeu nada quando chegou lá. O irmão estava muito bem de saúde, pulando e brincando todo pimpão. Só entendeu quando voltou para sua casa e não encontrou nenhuma banana pra contar a história.  Ele foi tomar satisfações com o papagaio que muito sem graça tentou explicar:

 

- Ih, macaco... fiz isso obedecendo as ordens do rei Jacaré! Eu não posso com ele e tive que obedecer!

 

O macaco ficou com muita raiva:

 

- Rei Jacaré? E quem disse que esse fuleiro pode ser rei? Eu vou na casa dele pegar as minhas bananas de volta!

 

A cobra que era muito fofoqueira, estava passando por ali, ouviu a conversa e foi ligeira até o rei Jacaré contar tudo o que macaco falou. O monarca ficou furioso e gritou alto:

 

- Ah... é assim? Quero ver se esse macaco é mesmo valente! Quero ele aqui na minha presença hoje mesmo!

 

A própria cobra foi levar o recado ao macaco, que logo começou a tremer que nem uma vara verde. Ele era valente só nas palavras. A ideia de enfrentar o tamanho e os grandes dentes de sua majestade Jacaré, o apavorou completamente. Mas... que jeito! O outro era rei e tinha que ser atendido. Mas se o macaco não era muito valente, era muito inteligente e logo bolou um plano para enganar o jacaré. Passou pelo corpo todo uma cera muito grudenta e foi para casa do monarca.

O rei Jacaré quando viu o macaco abriu a grande boca e falou com voz grossa:

 

- Ouvi dizer que você queria vir aqui tomar de mim, o rei, essas bananas! Isso é verdade?

- De jeito nenhum, majestade! Eu e minhas frutas só existimos para servi-lo!

- Fico satisfeito em saber disso! - disse o monarca – Sem dúvida foi uma mentira! Senta ai! Quero falar com você! Mas sente de frente pra mim e sem tocar nas bananas que estão ai atrás!

 

O macaco sentou com jeito e apoiou com força as costas, inteiramente cobertas de cera grudenta, nas bananas. E o rei Jacaré continuou a conversa:

 

- Disseram pra mim que você conhece muitas histórias, anedotas e adivinhas! Porque não conta uma pra mim?

- Com todo prazer, majestade! Não sou rei como o senhor, mas dou minhas cacetadas! Vou propor uma adivinha!

 

O macaco se ajeitou, apertou mais as costas nas bananas fazendo que as frutas grudassem ainda mais na cera e disse de uma vez:

 

- Majestade, diga logo sem demora

Como se fosse uma canção:

Como posso pegar uma coisa

Sem usar a boca, o pé ou a mão?

 

O rei Jacaré pensou... pensou, mas não descobriu a resposta.

 

- Isso é impossível, macaco! Ninguém pode pegar nada sem usar a boca, o pé ou a mão!

- Pode sim, majestade! É só usar uma cera grudenta nas costas, seu bobalhão!

 

O macaco disse isso, deu um pulo e virou de costas para o Jacaré mostrando as bananas grudadas na cera. O monarca ficou furioso abriu o bocão para engolir o macaco de uma só vez. A sorte é que o espertalhão era rápido e saiu em disparada dando saltos. Mas o rei jacaré estava com muita raiva e correu atrás do macaco. E foi um corre-corre desesperado. O macaco, vendo que podia ser alcançado, subiu numa montanha muito alta. O monarca foi atrás. Quando o macaco estava bem no alto, na beira de um precipício, comeu algumas bananas e jogou as cascas no chão. Não demorou muito, apareceu o rei jacaré com a boca cheia de dentes aberta. E o macaco gritou:

 

- Não se aproxime de mim se não vai se arrepender!

 

E o Jacaré bufando de raiva rosnou:

 

- Eu sou um rei! Um rei poderoso e vou acabar com você!

 

E o macaco respondeu:

 

- É rei coisa nenhuma! Não passa de um bobalhão! Não se aproxime de mim porque será o seu fim!

 

O Jacaré, explodindo de ódio, foi com tudo pra cima do outro. Quando o monarca chegou bem perto, o macaco deu um pulo para o alto. O Jacaré tentou abocanhá-lo no ar, mas escorregou nas cascas de banana e caiu no precipício desaparecendo para sempre.

Os bichos ficaram sabendo da façanha do macaco e resolveram aclamá-lo o novo soberano. E o nosso herói reinou por muitos anos com muita sabedoria e prudência.

 

ADAPTAÇÃO DE AUGUSTO PESSÔA

O MACACO E O BICHO FOLHARAL

 

Você sabe o que é aluá? Tem dois tipos de aluá: pode ser um refresco da casca do abacaxi ou pode ser um doce com milho ralado. E essa história começa com o macaco querendo muito comer o aluá, o doce com milho. Mas ele não tinha nem uma espiga em casa. Com muita vontade, o macaco foi até a casa da amiga galinha. Mas a penosa, que conhecia a fama de malandro do outro, não estava querendo conversa:

 

- O quer você quer aqui, macaco?

 

O visitante se fez de ofendido:

 

- Mas, comadre galinha, é assim que você recebe um amigo?

- Sei... amigo... você só sabe é aprontar com todo mundo!

 

E o macaco foi por aí:

 

- Pois vou mostrar pra senhora que essa fama é injusta! Vim aqui fazer um favor para a amiga!

 

A galinha desconfiou:

 

- Um favor? Como assim?

 

E o macaco continuou:

 

- A senhora tem espiga de milho aí?

- Tenho! Mas essa espiga é pra fazer o meu aluá!

- Mas a senhora, que é tão distinta, vai perder tempo fazendo aluá? Vai estragar as suas penas ralando milho? Cansar suas asas mexendo em panela? A senhora não precisa disso! Dê para mim as espigas, que eu levo e faço o aluá! Daqui a umas duas, a senhora passa lá em casa e a gente come o aluá, sem trabalho nenhum para a amiga!

 

A galinha ficou desconfiada, mas a proposta era boa. Ela também estava com vontade de comer aluá, mas não queria ter muito trabalho. Pensou bem e deu as espigas para o macaco. O danado colocou aquele monte de espigas num saco e foi embora. Mas ele achou pouco. Estava com muita vontade de comer aluá. E foi até a casa da raposa. Chegou e foi logo falando cheio de alegria:

 

- Comadre raposa, quanto tempo!

 

A raposa que era muito metida e conhecia a fama de malandro do macaco respondeu:

 

- O que você quer aqui?

- Mas, comadre, é assim que a senhora recebe os amigos?

- E quem disse que eu tenho amizade com você, macaco?

- A nossa amizade é de longa data! A senhora sabe disso! A amizade é tanta que eu vim aqui para lhe ajudar!

 

A raposa desconfiada quis saber:

 

- Ajudar? Como assim?

 

E o macaco foi por aí:

 

- A senhora tem umas espigas de milho?

- Tenho milho para fazer o meu aluá!

- E a senhora, tão elegante, vai perder seu tempo precioso fazendo aluá? Vai estragar as suas patinhas ralando milho, mexendo em panela? A senhora me dá as espigas, que eu faço todo o trabalho! Daqui a umas duas horas e meia, a amiga passa lá em casa que a gente come o aluá! Que tal?

 

A raposa coçou a cabeça. A fama do macaco não era boa, mas ela estava com muita vontade de comer o doce e ao mesmo tempo com uma preguiça danada de fazer. Pensou bem e entregou as espigas para o macaco. O malandro colocou aquele monte de milho no saco e foi embora. Mas o faminto ainda achou pouco. Ele queria muito aluá e foi até a casa da onça. Chegou todo animado e anunciou:

 

- Comadre onça, olha só quem chegou: o seu compadre macaco!

 

A onça era muito mal-humorada e não queria conversa:

 

- Comadre uma ova! Eu quero respeito! Desde quando eu dei filho meu pra você batizar, coisa ruim?

 

E o macaco, com voz mansa, tentou enrolar a onça:

 

- O que é isso, amiga? Eu vim aqui, justamente, mostrar toda a minha amizade pela senhora!

 

A onça quis saber:

 

- E como é que vai ser isso?

 

E lá foi o macaco:

 

- Assim como eu estou dizendo! Vim mostrar a minha amizade! A senhora tem milho guardado?

- Tenho! Mas é para fazer o meu aluá!

- Pois é exatamente nisso que eu vou lhe ajudar! A senhora que é a rainha das matas, a toda poderosa da floresta, a grande caçadora, não pode perder seu precioso tempo fazendo aluá, não é mesmo? Não fica nem bem...

 

A onça que era mal-humorada, mas era também a personificação da vaidade gostou de ouvir aquelas palavras e perguntou:

 

- E o que tem isso? Como é que eu você vai me ajudar?

- Fazendo o aluá pra senhora! É só me dar as espigas, que eu levo pra casa e preparo o doce digno da sua realeza! Depois a senhora passa lá na minha humilde choupana, daqui umas três horas, que o aluá vai estar pronto pra ser saboreado! Que tal?

 

A onça ficou satisfeita com tantos elogios e deu as espigas para o macaco. O esperto colocou tudo no saco e levou pra casa. Era muito milho. Deu um trabalho enorme. O macaco ralou, mexeu, buliu e fez aquele monte de doce. Colocou tudo num grande tacho de madeira e pôs em cima de uma mesa, que ficava fora de sua casa, do lado de uma árvore comprida. Aquele doce, em cima da mesa, chegava a brilhar de tão bonito. E o macaco falou consigo mesmo:

 

- Será que está bom? É melhor experimentar um pouquinho...

 

Com o dedo, ele tirou um pedaço de doce e comeu. Estava uma delícia. E o macaco falou de novo consigo mesmo:

 

- Mas está maravilhoso! Se eu comer mais um pouco não vai fazer falta...

 

E o guloso foi de novo com o dedo, tirou mais um pedaço e comeu. Estava inacreditável de tão bom. E o macaco mais uma vez falou consigo mesmo:

 

- Ah... se eu tirar só mais um pedacinho não vai fazer falta, né?

 

E assim foi, até não sobrar nem uma lasquinha de aluá. O tacho de madeira ficou limpinho. Passaram as duas horas, o macaco subiu na árvore e ficou esperando a primeira visita. Não demorou muito e apareceu a galinha. Chegou de bico empinado e foi logo exigindo:

 

- Macaco, onde está o meu aluá?

 

E o espertalhão se fez de desentendido:

 

- Aluá, galinha? Que aluá?

- Como assim “que aluá”? - perguntou a penosa – Nós não combinamos que eu daria o milho e você faria o aluá?

 

O macaco se espreguiçou e disse bocejando:

 

- Ah... é isso! Mas isso tem tanto tempo...

 

A galinha foi perdendo a paciência:

 

- Como assim “tanto tempo”? Nós combinamos isso hoje! Eu quero o meu aluá, seu malandro safado!

 

E o macaco se fez de ofendido:

 

- Agora você vê... a gente recebe a criatura na nossa casa e ela vem cheia de ofensa! Cheia de nome feio! Pois fique sabendo, dona galinha, que eu comi todo o aluá!

 

A galinha ficou furiosa:

 

- Seu ladrão! Malandro! Isso é um absurdo!

 

E o macaco:

 

- Absurdo? Absurdo é a senhora entrar na minha casa e ficar me ofendendo! Aposto que minha comadre raposa não vai fazer isso!

 

A galinha, quando ouviu o nome de sua inimiga, ficou apavorada:

 

- Raposa?... A raposa vem aqui?

 

E o macaco continuou:

 

- Deve estar chegando logo, logo! E, diferente da senhora, a comadre raposa é muito pontual!

 

A galinha ficou desesperada:

 

- Ai, meu Deus! Se a raposa me pega aqui ela acaba comigo!

 

E o macaco se fez de amigo:

 

- Não se preocupe! Eu vou lhe ajudar! Eu não devia porque a senhora foi muito deselegante comigo! Mas eu sou generoso! Esconda-se embaixo da mesa que eu despacho a raposa!

 

Rapidamente a galinha entrou embaixo da mesa. Foi ela se esconder que a raposa chegou. Veio com o nariz empinado e logo exigindo:

 

- Macaco, cadê o meu aluá?

 

O espertalhão subiu um pouco mais na árvore e reclamou:

 

- Mas o que está acontecendo com esse pessoal? Não se diz mais bom dia... boa tarde... boa noite... Cadê a educação desse povo?

- Do que você está falando? - quis saber a raposa.

- Da falta de educação desses bichos! - respondeu o macaco – A galinha também chegou aqui exigindo isso e aquilo!

 

Quando a raposa ouviu “galinha” ficou toda animada:

 

- A galinha está por aqui? Cadê ela?

 

E o macaco:

 

- Nem adianta que eu não vou falar! Mas não falo mesmo! Não falo de jeito nenhum que ela está embaixo da mesa!

 

Num instante a raposa pulou embaixo da mesa e comeu a galinha inteira. Saiu de lá lambendo os beiços e falando assim:

 

- Agora, macaco, eu quero o meu aluá!

 

E o macaco se fez de ofendido:

 

- A senhora é engraçada! Vem na minha casa, almoça a minha visita e ainda fica pedindo aluá! Pois fique sabendo que não tem aluá nenhum! Eu comi tudo!

 

A raposa tentou pular para pegar o macaco, mas não conseguiu. Ficou furiosa e esbravejou:

 

- Você vai ter que descer, seu malandro! E quando descer eu pego você!

 

E o macaco perguntou:

 

- Toda essa confusão por causa de um aluá? Um docinho até meio sem graça...

 

E a raposa cuspia fogo de tanta raiva:

 

- É por isso mesmo, seu moleque! Eu vou esperar aqui o tempo que for preciso! Você vai descer e eu vou lhe dar uma lição!

 

E o macaco na maior calma:

 

- Não se preocupe, dona raposa! Não vou demorar a descer! Minha comadre onça deve estar chegando e eu tenho que recebê-la muito bem! Porque ela, diferente da senhora, é muito educada!

 

Quando a raposa escutou “onça” ficou muito nervosa:

           

- A onça? A onça vem pra cá?

 

E o macaco:

 

- Claro que vem! Nós somos amigos há muito tempo! Ela vem me fazer uma visita cordial! Por quê?

 

E a raposa tremendo respondeu:

 

- A onça quer acabar comigo! Se ela me encontra aqui eu estou perdida!

 

E o macaco se fez de amigo:

 

- Não se preocupe, raposa! Eu vou lhe ajudar! Eu não devia porque a senhora foi muito grosseira comigo, mas eu vou lhe ajudar! Eu sou um bicho bom! Por isso eu vou lhe ajudar! Se esconda embaixo da mesa que eu despacho a onça! Isso é um favor, porque ela é muito minha amiga!

 

Foi a raposa se esconder que a onça apareceu. Chegou falando grosso como é seu costume:

 

- Macaco, eu quero o meu aluá!

 

O malandro subiu bem alto na árvore. Tão alto que a onça não conseguiria alcançá-lo de jeito nenhum e respondeu:

           

- Aluá? Não sei de aluá nenhum, onça!

 

A onça bateu com força na mesa e berrou:

 

- Não estou aqui de brincadeira, macaco! Eu quero o meu aluá agora!

 

E o macaco na maior calma:

 

- Eu não sei o que está acontecendo com esses bichos! A raposa também entrou aqui atrás de aluá...

 

Quando a onça ouviu “raposa”, lambeu os beiços:

 

- Raposa? A raposa está aqui?

 

O macaco respondeu perguntando:

 

- Pra que a senhora quer saber?

- Porque eu vou acabar com ela! - respondeu a onça.

- Ah... mas eu não vou dizer onde está a raposa! A senhora pode pedir, pode implorar até de joelhos que eu não digo! Não digo de jeito nenhum que a raposa está embaixo da mesa!

 

Foi o macaco dizer isso que a onça, com toda a força, jogou a mesa longe. Ela pegou a raposa e engoliu inteirinha. Depois, lambendo os beiços, ela exigiu:

 

- Agora quero o meu aluá!

 

E o macaco se fez de novo de ofendido:

 

- Mas esse povo é muito engraçado mesmo! A senhora vem na minha casa, joga a minha mesa longe, lancha a minha visita e ainda quer sobremesa? Pois fique sabendo que não tem aluá nenhum! Eu comi tudo, onça!


A pintada grandalhona ficou muito furiosa e quis pegar o macaco. Mas o danado estava muito no alto e a onça, por mais que pulasse, não alcançava.

Mas a malhada jurou vingança.

A grandona chamou todos os seus primos e mandou eles tomarem conta de tudo quanto era rio. Ela queria matar o macaco de sede. E os primos da onça ficaram vigiando as águas. Podia passar tudo quanto era bicho. Menos o macaco. E o pobre malandro guloso estava que não se aguentava. Depois de ter comido aquele aluá todo, ele precisava muito beber água. Mas como? Se os primos da onça estavam de sentinela e não deixavam ele passar de jeito nenhum.

Mas o macaco teve uma ideia: se cobriu todo de mel, foi no matagal e rolou nas folhagens secas. A folhas grudaram e cobriram todo o seu corpo que nem se via o macaco por baixo daquilo tudo. Disfarçado, ele foi andando meio capengando para o rio. Um dos primos da onça quando viu aquele bicho estranho comentou com o outro:

 

- Primo, que bicho é aquele?

 

E o outro respondeu:

 

- Não sei, primo! Nunca vi esse bicho!

 

E o macaco, sempre capengando, começou a falar com uma voz engraçada:

 

- Sou bicho folharal! Sou bicho folharal!

 

E o primo da onça estranhou ainda mais:

 

- Bicho folharal? Você já ouviu falar desse bicho, primo?

 

E o outro:

 

- Nunca ouvi falar! Bom... Mas pelo menos não é o macaco!

 

E o macaco disfarçado começou a beber água. Ficou tão empolgado, que foi entrando no rio e se banhando todo. E as águas do rio foram amolecendo o mel, as folhas foram caindo e num instante o disfarce do macaco tinha desaparecido totalmente. Os primos da onça, quando viram o espertalhão, pularam na água para tentar pegá-lo, mas o macaco foi mais rápido e fugiu rapidinho.

Quando a onça soube que o macaco conseguiu beber água, ficou furiosa. Mas logo pensou em um outro plano para pegar aquele malandro. Foi até um caminho, onde o macaco sempre passava, e mandou os primos abrirem um buraco grande. Ela deitou no buraco e os primos cobriram tudo. Só a boca ficou de fora.

Não demorou muito, o macaco veio pelo caminho. Quando viu aquele buraco, estranhou, tomou um susto e comentou consigo mesmo:

 

- Menino, eu nunca vi uma coisa dessa: um buraco com dente! Eu já vi dente com buraco, mas buraco com dente é a primeira vez! Mas isso é um perigo! Pode cair uma criança ou uma senhora! Eu vou tapar!

 

Ele pegou uma pedra grande e... TUM... tapou aquele buraco estranho. E o macaco pode viver tranquilo as suas estripulias porque nunca mais se ouviu falar daquela onça.

E acabou a história.

 

Adaptação de Augusto Pessôa

In MACACADA

Editora Escrita fina

O PINTO PELADO

 

Há muito tempo atrás, na época que os bichos ainda falavam, nasceu no galinheiro um pinto. Mas era um pinto diferente. Não tinha nenhuma penugem na cabeça. Era totalmente careca. Os galos, as galinhas e principalmente as frangas implicavam muito com ele:

 

- Sai pra lá, pinto! Ai, que pinto feio! Sai pra lá!

 

E batiam muito nele. O pinto já estava cansado disso e resolveu fazer uma reclamação ao Rei. Pegou sua sacola e já ia saindo do galinheiro, quando viu um papelzinho. Era um papel amassado, sujo, todo rabiscado. O pinto, que não sabia ler, achou que aquela seria sua carta ao Rei. E foi andando... andou... andou... até que escutou uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto! Pra onde você vai?

- Quem está falando?

- Sou eu... a raposa. Pra onde você vai?

- Eu vou levar uma carta ao Rei!

- Posso ir com você?

- Pode.

 

A raposa entrou na sacola do pinto e ele continuou a caminhada. Andou... Andou... Andou... Até que sentiu sede. Foi beber água num grande rio. Mas tão grande, que não dava nem para ver a outra margem do rio. O pinto estava matando a sede, quando ouviu uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto! Pra onde você vai?

- Quem está falando?

- Sou eu... O rio. Pra onde você vai?

- Eu vou levar uma carta ao Rei!

- Posso ir com você?

- Mas senhor rio, o senhor é muito grande! Como é que eu vou levar o senhor?

- Ah... Eu me enrosco... Me enrolo... Fico bem pequeno e vou com você.

- Então, está bom!

 

E o rio, que era enorme, se enroscou... Se enrolou... Ficou bem pequeno e entrou na sacola. E o pinto disse assim:

 

- Olha, cuidado para não molhar a raposa!

 

E o pinto continuou sua caminhada. Andou... Andou... Andou... até que encontrou um enorme espinheiro. Com cada espinho desse tamanho. O pinto já ia desviando, quando ouviu uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto! Pra onde você vai?

- Quem está falando?

- Sou eu... O espinheiro. Pra onde você vai?

- Eu vou levar uma carta ao Rei!

- Posso ir com você?

- Mas senhor espinheiro, o senhor é muito grande! Como é que eu vou levar o senhor?

- Ah... Eu me aperto... Me espremo... Fico bem pequeno e vou com você.

- Então, está bom!

 

E o espinheiro, que era enorme, se apertou... se espremeu... ficou bem pequenininho e entrou na sacola. E o pinto disse assim:

 

- Olha, cuidado pra não se molhar no rio e nem espetar a raposa!

 

E o pinto continuou sua caminhada. Andou... Andou... Andou... Até que chegou ao palácio do Rei. Os guardas acharam graça naquele pinto tão empinado e deixaram-no passar. O pinto entrou no palácio. Andou por salas, por salões, até que chegou na sala do trono. No final da sala o Rei sentado no trono. O pinto aproximou-se e entregou a carta. Lembra? Aquele papel sujo, amassado e rabiscado. Quando o Rei pegou aquele papel ficou irritado:

 

- Que pinto abusado! Entregar um papel todo sujo ao Rei! Prendam esse pinto!

 

O pinto nem teve tempo de piar. Os guardas agarraram o pinto e o jogaram no galinheiro real. As galinhas do galinheiro real eram muito metidas. De bico empinado. Achavam que tinham o sangue azul. E não gostaram daquele pinto:

 

- Que pinto é esse? Pinto feio! Careca! Sai pra lá, pinto! Sai!

 

E começaram a bater no pinto. Olha só: o pinto que tinha saído do seu galinheiro porque estava apanhado, foi para o galinheiro real para apanhar também. Ele estava desesperado, quando ouviu uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto, me solta que eu resolvo!

- Mas quem é que está falando?

- Sou eu... A raposa. Me solta que eu resolvo!

 

O pinto abriu a sacola. A raposa saiu lá de dentro. Matou cinco galinhas a dentadas e outras dez morreram do coração. O pinto aproveitou a confusão e fugiu. Mas o Rei viu e gritou:

 

- Prendam esse pinto!

 

Todos os guardas foram atrás do pinto. E o pinto corria... E os guardas atrás... O pinto corria... E os guardas atrás... Quando os guardas estavam quase pegando o pinto, ele ouviu uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto! Me solta que eu resolvo!

- Quem é que está falando?

- Sou eu... O rio. Me solta que eu resolvo!

 

O pinto abriu a sacola e libertou o rio. O rio que estava bem pequenininho... Enroscadinho... Cresceu! Ficou enorme! Olha, teve guarda afundando. Teve guarda se afogando. Mas teve guarda que pegou canoa e foi atrás do pinto. E o pinto corria... E os guardas atrás... O pinto corria... E os guardas atrás... Quando os guardas estavam quase pegando o pinto ele ouviu uma voz:

 

- Pinto! Oh, pinto! Me solta que eu resolvo!

- Mas quem é que está falando?

- Sou eu... O espinheiro. Me solta que eu resolvo!

 

O pinto abriu a sacola e libertou o espinheiro. O espinheiro que estava bem pequenininho... Bem apertadinho... Cresceu! Ficou enorme! Com cada espinho desse tamanho! E os guardas ficaram presos nos espinhos. Ufa! O pinto conseguiu se salvar. Mas não conseguiu fazer sua reclamação ao Rei. Resolveu voltar para casa assim mesmo. Andou... E andou... Até que avistou o galinheiro. Duas frangas, que estavam na porta do galinheiro, olharam para ele e disseram:

 

- Nossa, que galo bonito!

 

O pinto estranhou e olhou pra trás:

           

- Galo? Onde?

 

E as frangas continuaram:

 

- Bonitão. Com uma careca charmosa!

 

E então, o pinto percebeu que, nessas andanças todas, o tempo tinha passado e ele tinha se transformado num galo bonito e forte. Entrou no galinheiro, contou suas aventuras e passou a ser estimado e respeitado por todos.

 

 

Adaptação de Augusto Pessôa

bottom of page